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HUMANIDAD EN RED

Necropolítica e Crise pandêmica: riscos e possibilidades - Rubens R. R. Casara

Crise pandêmica e racionalidade neoliberal A crise global, sanitária, ética e social provocada pelo Covid-19 em 2020 revelou as consequências das políticas econômicas neoliberais das décadas anteriores sobre os corpos vivos. A opção política e ideológica por processos de privatização e desmantelamento dos sistemas nacionais de cuidado e atenção à saúde produziu mortes e potencializou o sofrimento da população. A vinculação entre o neoliberalismo e a necropolítica tornou-se ainda mais evidente, uma vez que a satisfação dos detentores do poder econômico passa a exigir cálculos de interesse levam tanto à naturalização do ato de matar quanto à omissão de deixar morrer. Para assegurar a acumulação do capital, a potencialização dos lucros ou a obtenção de vantagens pessoais, autoriza-se a morte e o sofrimento de parcela da população. No Brasil, em que a racionalidade neoliberal (esse modo de compreender e atuar no mundo que faz de tudo e de todos objeto negociáveis a partir

Mais miséria, mais fome - Carlos Madeiro; Daniel Souza

Dois milhões de famílias caíram na extrema pobreza durante o governo Bolsonaro. Pelo menos 2 milhões de famílias brasileiras tiveram a renda reduzida e caíram para a extrema pobreza entre janeiro de 2019 e junho deste ano. Os dados são do Cadastro Único do governo federal, o chamado CadÚnico, que aponta para um aumento mês a mês de pessoas na miséria desde novembro de 2020. Em dezembro de 2018, durante o governo Michel Temer (MDB), eram 12,7 milhões na pobreza extrema. Dois anos e meio depois e com Jair Bolsonaro na Presidência, esse número chegou a 14,7 milhões em junho de 2021. Família em extrema pobreza é aquela com renda per capita de até R$ 89 mensais. Em regra, são pessoas que vivem nas ruas ou em barracos e enfrentam insegurança alimentar recorrente. O CadÚnico , como também é chamado, é o conjunto de informações oficiais do governo federal sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza e extrema pobreza. É com base nas informações dele que famílias têm acess

Cuba: 62 anos de resistência - José Dirceu

Cuba povoa nosso inconsciente e nossa memória, como pode uma pequena ilha no Caribe e um povo resistir a 60 anos de guerra econômica, política, diplomática, a uma invasão mercenária dirigida pela Cia, pelo governo dos Estados Unidos, a um bloqueio econômico, comercial e financeiro, a sabotagem e ataques, tentativas de assassinar seu líder maior, Fidel Castro. Mesmo sem apoio da comunidade internacional os Estados Unidos continuam ilegalmente em Guantánamo e bloqueando, palavra que só serve para encobrir a realidade, em guerra contra Cuba, aplicando todo tipo de sanção e retaliação contra os que ousam desrespeitar leis aprovadas pelo Congresso Norte Americana que como no Império Romano e outros tem efeito ainda que sem respaldo no direito internacional “erga omnes”. A recente derrota fragorosa dos Estados Unidos no Afeganistão demonstra como, aliás, reconhece o presidente Biden, na série documental "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra contra o Terror", só ao povo afegão cabe deci

O pior está ainda por chegar - Leonardo Boff

As grandes enchentes ocorridas na Alemanha e na Bélgica em julho, mês do verão europeu, causando centenas de vítimas, associadas a um aquecimento abrupto que chegou em alguns lugares a mais de 50 graus, nos obriga a pensar e a tomar decisões em vista do equilíbrio da Terra. Alguns analistas chegaram a dizer: a Terra não se aqueceu; ela se tornou, em alguns lugares, uma fornalha.     Isso significa que dezenas de organismos vivos não conseguem se adaptar e acabam morrendo. Atualmente com o atual aquecimento que no último século cresceu em mais de 1º Celsius, e se chegar, como previsto, a dois graus cerca de um milhão de espécies vivas estarão à borda de seu desaparecimento depois de milhões de anos vivendo neste planeta. Entendemos a resignação e o ceticismo de muitos meteórologos e cosmólogos que afirmam termos chegado tarde demais no combate ao aquecimento global . Não estamos indo ao encontro dele. Estamos gravemente dentro dele. Argumentam, desolados, temos pouco que faz

Educação e pandemia no Brasil - Silvina Julia Fernández

Pandemias são catástrofes globais que afetam não apenas à saúde e à sobrevivência das pessoas, mas também provocam outras catástrofes, atreladas aos seus efeitos nos diversos âmbitos da vida social. Nesse sentido, muito temos ouvido falar dos efeitos da pandemia na economia, com a qual, por exemplo, a indústria farmacêutica está intimamente ligada; mas também percebemos o quanto são noticiados os efeitos da situação pandêmica na política, com relação aos diversos posicionamentos e decisões de grupos, partidos, países e organizações internacionais no Brasil e no mundo afora. Muito menos, no entanto, têm sido as notícias e os debates sobre os efeitos da pandemia na educação, apesar de termos assistido ou lido diversos relatos esporádicos de professores e professoras que, trazidos pela mídia numa aura heroica e invariavelmente destacados num protagonismo individual, enfrentam a barreira tecnológica e até a distância geográfica ou social, para fazer chegar o ensino até os seus estudantes,

Como a ideologia liberal criou o humanismo imperialista - Breno Altman

Os principais países capitalistas se dedicaram, nos últimos 80 anos, a diluir o conceito de imperialismo, uma ideia central às correntes revolucionárias na compreensão da luta de classes mundial, para substituí-lo por um vago discurso democrático capaz de maquiar interesses geopolíticos de potências bélicas e domesticar a esquerda. Um dos mais importantes capítulos da tensão entre marxismo e liberalismo, há várias décadas, desenrola-se ao redor da agenda de direitos humanos, potencializada após a derrota do nazifascismo. Ao contrário de ter se constituído em um contrato básico para diferentes nações e sistemas, o confronto entre socialismo e capitalismo a tornou uma narrativa em disputa, na qual os comunistas largaram em vantagem, por seu desempenho no esmagamento do hitlerismo. As democracias liberais tiveram que recuperar terreno nessa contenda, sob o risco de uma depreciação cultural e moral que estimulasse a irrupção de processos revolucionários. O pós-guerra, a pa