Produção
e propagação de informação fraudulenta são práticas tão antigas quanto a
própria humanidade. O que há de novo é a escala, a velocidade, a
personalização e as obscuras veredas trilhadas na atualidade por esses
processos de desinformação, graças às novas tecnologias digitais de
comunicação.
A publicidade em torno do impacto das ações envolvendo a Cambridge Analytica no Brexit e na eleição de Trump provavelmente contribuiu para a popularização dos termos fake News e pós-verdade.
Fake News significa informações falsas, disfarçadas de notícias jornalísticas, produzidas e propagadas intencionalmente, principalmente nas redes digitais, para favorecer grupos de interesse. Têm sido predominantemente empregadas pela chamada nova extrema direita, com efeitos muito graves. O termo também é usado por esses mesmos elementos para desqualificar qualquer notícia séria que contrarie suas posições, gerando mais confusão. Já pós-verdade indica a maior influência de crenças do que evidências na formação da opinião pública. Isso em si não é novidade, a não ser pela velocidade, escala e direcionamento personalizado das informações que a alimentam.
Fake News e pós-verdade são as vedetes de um conjunto maior de fenômenos de desinformação contemporâneos, cujo corolário é a anticiência, o negacionismo climático, o terraplanismo, os movimentos antivacina, tudo articulado ao crescimento da extrema direita no mundo, que surfa muito bem nesse tsunami tóxico de poluição informativa produzido em grande por ela mesma. Além dos terríveis danos à saúde pública e ao meio ambiente, essa infodemia ameaça a própria democracia, que depende de uma opinião pública esclarecida. Por essas razões, precisa ser muito bem estudada e combatida.
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